Nenhuma
borboleta, azul ou branca, diante da janela.
Nenhuma
rolinha no terreiro
Nenhuma
fada, nenhum duende no quintal;
Nenhum quintal.
Até
os monstros desapareceram.
As
sombras nas paredes são apenas sombras
O
chão não mais se abre como uma bocarra gigante debaixo dos pés, querendo
engolir o mundo-menino à noite;
No
entanto, vivo em queda livre num breu crescente e infinito.
Às
vezes quero chorar...
Na
verdade, às vezes choro.
Mas
o pranto não são lágrimas nem pérolas.
Ora!
O pranto deve ser algo que valha um tesouro ou um mistério. O pranto deve ser
uma transição do nada para uma esperança.
_
Eis aí o caminho do império.
Choro.
Ah, choro!
Mas
choro apenas para lubrificar os olhos, já que o mundo,
_
o mundo iluminado, o mundo do homem _,
O
mundo é cegante, reluzente, e a vida...
A
vida é cega e usa óculos escuros.
Nenhuma
borboleta diante da janela
Nenhuma
janela, nenhum quintal;
Mas
há um pássaro que canta na gaiola
E
um horizonte, distante, para o imaginário.